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Curiosidades

Como alguns peixes dão choque?

No Brasil, uma variedade de peixes exibe habilidades únicas de geração de campos eletromagnéticos e descargas elétricas. Entre eles estão o Miracéu, o bagre elétrico, o poraquê e a raia elétrica marinha, todos empregando eletricidade tanto como um mecanismo de autodefesa quanto para navegação espacial.

Esses peixes elétricos são predominantemente encontrados na região Norte do país. Destaca-se uma nova espécie de poraquê, recentemente identificada na bacia do rio Amazonas, denominada Electrophorus voltai, capaz de gerar descargas elétricas de até 860 volts – quase quatro vezes a tensão de uma tomada comum de 220 volts.

Embora a intensidade da descarga produzida por esses animais supere a da rede elétrica residencial, ela é considerada relativamente inofensiva para os humanos, devido à sua baixa corrente e duração limitada a poucos segundos. No entanto, indivíduos com problemas cardíacos correm maior risco.

Além de se defenderem contra ameaças, os peixes elétricos utilizam sua energia para atordoar presas e também para detectar objetos ao seu redor, como alimentos, plantas, obstáculos e outras espécies.

De que forma são produzidas as descargas elétricas?

De acordo com o professor Bernardo Baldisserotto, do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFSM, os peixes elétricos possuem órgãos especializados na geração de descargas elétricas, resultado da coordenação entre eletroplacas. “Esses órgãos são compostos por eletrócitos ou eletroplacas organizadas em colunas. Quando ativadas, cada eletroplaca produz uma voltagem de 150 milivolt. Com a disposição em série das eletroplacas, a voltagem é cumulativa, similar ao arranjo de pilhas em fila. Quanto maior o número de eletroplacas por coluna, maior a voltagem”, explica.

O professor menciona que as espécies mais reconhecidas estão nos gêneros Torpedo (raias elétricas marinhas), Malapterurus (um tipo de bagre africano), Astroscopus (miracéu) e Electrophorus (poraquê), capazes de produzir descargas elétricas de alta voltagem e, por isso, são denominados peixes fortemente elétricos. Outras espécies possuem apenas a capacidade de gerar pequenos campos elétricos, principalmente para se orientar no ambiente, como os peixes da ordem dos Gymnotiformes (carapó), encontrados também no Rio Grande do Sul.

A eletricidade gerada por essas espécies pode afetar qualquer ser próximo ao peixe. “No caso dos peixes que emitem descargas fortes, não é necessário o contato direto, pois a água atua como condutor. Em ambientes marinhos, a condução da eletricidade é mais eficiente devido à presença de sais dissolvidos na água, o que aumenta a voltagem das descargas dos peixes elétricos que habitam os oceanos”, explica o professor.

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