Na época, a Venezuela era governada por Hugo Chávez, próximo de Lula, e o país não tinha lei de licitações -de modo que um apoio político pesava muito em favor da empresa.
O suposto apoio do ex-presidente Lula (PT) na Venezuela para que a Andrade Gutierrez conquistasse um contrato no país foi mencionado por dois executivos da empreiteira em depoimentos de delação premiada. aqui
Segundo o presidente da construtora Andrade Gutierrez, Rogério Nora de Sá, e o executivo Flávio Gomes Machado Filho, então diretor para a América Latina, Lula intercedeu em favor da empreiteira, que conquistou um contrato para a obra de uma siderúrgica na Venezuela, em 2008.
Os fatos vão ao encontro do que disse o ex-presidente do grupo Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, que mencionou a intervenção de Lula durante depoimento à Justiça do Rio, em abril.
A obra teria rendido, posteriormente, pagamento de 1% de propina ao PT -ambos, porém, afirmam que o assunto jamais foi tratado com Lula, mas cobrado posteriormente pelo tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Na época, a Venezuela era governada por Hugo Chávez, próximo de Lula, e o país não tinha lei de licitações -de modo que um apoio político pesava muito em favor da empresa.
O contato com o então presidente petista foi feito por Machado Filho, que confirmou o encontro. O pedido foi para que Chávez “desse uma prioridade” à empreiteira brasileira, que concorria com outras empresas internacionais.
Lula iria se encontrar em breve com Chávez no Recife, em março de 2008.
‘NEGOCIAÇÃO COMERCIAL’
“Após a reunião, Lula deu retorno afirmando que o contato fora realizado e o pedido fora feito”, informou Sá, em sua delação. O retorno foi dado via chefe do cerimonial, segundo Machado Filho.
O presidente da construtora ainda afirma que “não houve, ao que sabe, tratativas espúrias entre a Andrade Gutierrez e Lula no contexto desses fatos ou qualquer outro”, no que é corroborado por Machado Filho.
“Nunca discuti nada que não fosse de forma republicana com o presidente Lula”, disse Machado.
Para Sá, a intervenção de Lula na Venezuela “inseria-se em contexto de negociações comerciais de grande porte” e permitia que empresas brasileiras expandissem sua atuação para fora do país.
Tempos depois, quando o BNDES passou a liberar dinheiro para financiar a obra, o então tesoureiro do PT cobrou o pagamento de propina ao partido.
A siderúrgica foi orçada em US$ 1,8 bilhão e até hoje não foi concluída. Ovalor liberado pelo BNDES foi de US$ 865,4 milhões.