Veja as provas, recibos e documentos dele aqui, nesta matéria… De acordo com informações enviadas pela Suíça à Procuradoria-Geral da República, a conta foi aberta em setembro de 2008 por uma empresa de fachada batizada como Netherton Investments, com sede em Cingapura. aqui
Documentos obtidos pela Folha em Cingapura revelam que essa empresa foi criada pouco antes, em julho de 2008, por outra registrada na Nova Zelândia, a PVCI New Zealand Trust.
Quem assina como diretor da PVCI é um homem chamado Luis Maria Pineyrua Pittaluga, que trabalha para um escritório de advocacia do Uruguai e na mesma época ajudou Cerveró a abrir uma conta na Suíça.
De acordo com documentos enviados pela Suíça ao Brasil, a conta de Cerveró foi aberta por Pittaluga em nome da Forbal Investments, uma empresa sediada em Belize, paraíso fiscal no Caribe, em julho de 2008.
A conta atribuída a Eduardo Cunha tinha saldo equivalente a US$ 2,4 milhões (R$ 9,1 milhões) em abril deste ano, quando ele virou alvo de suspeitas na Suíça e os recursos foram bloqueados pelas autoridades.
Segundo as informações enviadas ao Brasil, o presidente da Câmara e sua mulher, Cláudia Cruz, mantiveram outras três contas na Suíça. Duas foramfechadas no ano passado, pouco depois das primeiras prisões da Operação Lava Jato.
SUSPEITAS
A Procuradoria-Geral da República acusa Cunha e Cerveró de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras. Segundo os procuradores, eles receberam propina dos fornecedores de navios-sonda alugados à Petrobras entre 2006 e 2007.
Cunha foi denunciado pelos procuradores ao Supremo Tribunal Federal, que ainda não decidiu se aceita a denúncia e dá início ao processo em que ele será julgado. Cerveró, preso em Curitiba desde janeiro, foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 12 anos e três meses de prisão por causa do episódio.
O envolvimento de um mesmo operador na abertura das contas associadas a Cunha e Cerveró pode reforçar as suspeitas de que o deputado abriu as contas para movimentar recursos desviados dos cofres da Petrobras.
Os lobistas Júlio Camargo e Fernando Baiano, que participaram das negociações do contrato das sondas e hoje colaboram com as investigações da Operação Lava Jato, dizem que Eduardo Cunha recebeu US$ 5 milhões em propina dos fornecedores dos navios.
Os navios foram fabricados pela Samsung Heavy Industries, da Coreia do Sul. O contrato, que foi negociado na época em que Cerveró era o diretor da área internacional da Petrobras, custou US$ 1,2 bilhão à empresa estatal.
Os documentos da Suíça que mencionam o operador de Cerveró foram anexados pela Procuradoria-Geral da República ao inquérito que deu origem à denúncia apresentada contra Eduardo Cunha ao Supremo, em agosto.
As informações sobre as contas atribuídas a Cunha chegaram ao Brasil na semana passada. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu ontem outro inquérito para investigar as contas do presidente da Câmara.
Nos papeis da PVCI New Zealand, Pittaluga aparece como representante do escritório Posadas & Vecino Consultores, que tem sede no Uruguai e também atua na Suíça.
O mesmo escritório também trabalhou para uma empresa chamada Hayley, que foi usada para movimentar recursos no exterior para o lobista Fernando Baiano e o ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que também está preso em Curitiba.
OUTRO LADO
A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e seu advogado, Antônio Fernando de Souza, mas eles não responderam até a conclusão desta edição.
O jornal perguntou ao deputado sobre as relações de Cunha com Luis Maria Pineyrua Pittaluga e o escritório Posadas & Vecino Consultores.
A assessoria informou que ele só se manifestaria por meio do seu advogado, mas Souza não foi localizado pela Folha. A reportagem deixou recados com sua secretária e enviou perguntas ao advogado por e-mail e mensagens por telefone celular, mas Souza não respondeu.
Em declarações anteriores, Eduardo Cunha negou ter qualquer envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras e disse que não tem contas secretas no exterior. Em março deste ano, ele foi enfático ao negar possuir contas durante depoimento à CPI da Petrobras.
Nas últimas semanas, depois que a Suíça e o Ministério Público Federal confirmaram a existência das contas atribuídas a Cunha, ele parou de falar em público sobre o assunto, evitando discutir detalhes sobre as investigações em andamento na Suíça.