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Fala de Dilma no Senado será marcado por encontro dos ex-companheiros de luta armada, Dilma e José Aníbal

Eles já não se falam há mais de dois anos. Mas antes disso, mesmo em campos políticos opostos, costumam ser ver uma vez por outra em encontros informais regados a antigas lembranças no Palácio da Alvorada – ele, José Aníbal, ex-deputado e senador pelo PSDB de São Paulo; ela, Dilma Rousseff, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula, presidente da República agora afastada. aqui

Os dois, talvez, continuem sem se falar. Mas, hoje, não poderão ignorar a presença do outro ao se encontrar no ambiente comum do plenário do Senado – ele na condição de juiz, ela na de ré que responde a processo de impeachment e que a partir de amanhã terá seu destino selado: ou perde o mandato e os direitos políticos por oito anos ou será absolvida. Se depender do voto de Aníbal, ela será cassada.

Na passagem dos anos 60 para os anos 70, se tivesse dependido da ação dos dois, a ditadura militar implantada no país em abril de 1964 teria sido derrubada com a ajuda da luta movida por organizações de esquerda que pegaram em armas contra ela. Filho de um rico comerciante cearense e de uma descendente de espanhóis, Aníbal nasceu em agosto de 1947. Mudou-se para o Rio de Janeiro e em seguida para Belo Horizonte.

No dia 18 de julho daquele ano, um comando da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) assaltou uma mansão do bairro de Santa Teresa, no Rio, e dali levou um cofre com pouco mais de 2,5 milhões de dólares que pertencia ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Foi, de fato, um feito espetacular, mas que não resultou no objetivo pretendido por Dilma.

Ali, encontrou Dilma, filha da professora Dilma Jane Coimbra Silva e do empreendedor e advogado búlgaro naturalizado brasileiro Pedro Rousseff, que na década de 20 fora filiado ao Partido Comunista da Bulgária. Ainda adolescentes (os dois tinham a mesma idade), Aníbal e Dilma se tornaram amigos. Estudavam matemática juntos depois das aulas. E juntos iniciaram sua militância política.

Debutaram na Organização Revolucionária Marxista Política Operária, também conhecida como POLOP. Até que um dia, no início de 1969, ao se reunirem clandestinamente em um boteco do Leblon, no Rio, romperam. Aníbal disse a Dilma que a luta armada contra a ditadura não tinha mais chance de êxito porque carecia de apoio popular, de meios para seguir existindo, e a economia crescia.

Ouviu dela que, em breve, aconteceria um fato político espetacular que mudaria radicalmente a situação e enfraqueceria o governo. Portanto, ele não deveria desertar. Dilma não revelou que político espetacular seria esse. Nem quem o produziria. Aníbal, porém, não recuou de sua decisão. Rendera-se à ideia de que a luta contra a ditatura deveria ser travada dentro dos partidos e do Congresso.

No dia 18 de julho daquele ano, um comando da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) assaltou uma mansão do bairro de Santa Teresa, no Rio, e dali levou um cofre com pouco mais de 2,5 milhões de dólares que pertencia ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros. Foi, de fato, um feito espetacular, mas que não resultou no objetivo pretendido por Dilma.

Aníbal passou mais de um ano voluntariamente exilado no Chile, onde assistiu ao golpe que derrubou em 1973 o governo do socialista Salvador Allende. Ajudou como pode alguns perseguidos pela ditadura do general Augusto Pinochet. Embarcou depois para a França. E só em 1979 retornou ao Brasil. Na época, Dilma já morava em Porto Alegre, depois de ter sido presa, torturada, condenada e afinal solta.

Dilma converteu-se à política partidária. Ligou-se, primeiro, ao PMDB, mas sem se filiar a ele, e mais tarde ao PDT de Leonel Brizola. Aníbal foi um dos fundadores do PT em São Paulo, ingressando mais tarde no PSDB a convite de Mário Covas. Ele é um dos 47 senadores que se inscreveram até ontem para interrogar Dilma. O primeiro a fazê-lo será Kátia Abreu (PMDB-TO), ex-ministra da Agricultura de Dilma e sua querida amiga.

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