Em menos de 24 horas depois de fazer um discurso duro criticando o que chamou de “moralistas sem moral” que tentam interromper seu mandato, a presidente Dilma Rousseff comparou as tentativas de impeachment em curso a “pedaladas políticas”.
“Nós consideramos que é, de fato, uma medida muito casuística, não só casuística, mas golpista. É tentar chegar ao poder através de, é, vamos dizer assim, pedaladas políticas. Isso sim é pedalada. É chegar ao poder através de atalhos”, afirmou ela, em entrevista à EPTV, emissora afiliada à TV Globo. aqui
Um dos principais argumentos dos que pedem o afastamento da presidente é a reprovação das contas de 2014 devido, em grande parte, às chamadas “pedaladas fiscais”, termo que cunhou o uso dos bancos oficiais para financiar programas do governo.
O Planalto rejeita irregularidades na manobra e diz que elas serviram para pagar programas sociais.
Segundo os cálculos do TCU, dos R$ 40 bilhões em pedaladas praticadas pelo governo Dilma, apenas R$ 12,5 bilhões se destinaram ao pagamento de benefícios sociais.
Pedaladas
Nesta quarta (14), pelo segundo dia consecutivo, Dilma voltou a criticar os opositores que, segundo ela, “tentam um golpe disfarçado” para “chegar mais rápido em 2018”.
Em congresso com agricultores em São Bernardo do Campo, Dilma disse ter trajetória política “ilibada” e “biografia limpa” e destacou que jamais utilizou em proveito próprio a atividade de presidente da República. “Tenho certeza que tentaram encontrar alguma coisa contra mim, mas não vão encontrar.”
Ela reconheceu que o Brasil vive uma “crise política séria” e afirmou que a oposição está tentando instaurar um golpe como se fosse “uma manifestação oposicionista”.
Dilma enfrenta um momento político delicado. A oposição pressiona o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a aceitar um processo de impeachment contra ela. Cunha, investigado na Lava Jato e alvo de um pedido de cassação na Câmara, não decidiu o que fará.
O peemedebista é um oposicionista declarado do governo, mas nos últimos dias se reaproximou do Planalto na tentativa de fechar um acordo para tentar preservar seu mandato, apesar das denúncias, em troca de não dar aval ao afastamento da presidente.
DIFICULDADES
Antes do evento com agricultores, Dilma esteve em São Carlos (a 232 km de São Paulo), para entrega de residências do Minha Casa, Minha Vida. Lá afirmou que o governo não abandonará os programas sociais.
Mais cedo, em Piracicaba (a 160 km de São Paulo), ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para a inauguração de um laboratório de biotecnologia para o setor sucroenergético, Dilma falou que é hora “de nos unirmos aos fatos”.
“Essa é a hora de nós nos unirmos nos fatos, fazer aquelas mudanças, aquelas alterações, aquelas iniciativas e aquelas obras que vão, de fato, construir a ponte que nos levarão para um outro estágio do desenvolvimento do nosso país.”
(Via folha e Agências)