A atriz contou que foi violentada quando tinha 17 anos e ainda era virgem.
Em uma entrevista, a atriz Giselle Itié falou sobre um estupro que sofreu quando tinha apenas 17 anos e ainda era virgem. Ela falou em público sobre o caso pela primeira vez em dezembro de 2016, ao participar da campanha ‘Nem uma a menos’, que tem como objetivo lutar pelo fim da violência contra a mulher, e publicou um vídeo nas redes sociais. Ela escreveu para a revista Glamour um relato em primeira pessoa sobre o relacionamento com o namorado, 15 anos mais velho, que foi responsável pelo abuso. aqui
Giselle diz que viajou com o namorado, a quem se refere como X, “infelizmente” com consentimento dos pais, que pediram para que ela não bebesse. Ela afirma que só bebeu dois sucos de laranja, mas foi drogada. “Quando tinha 17 anos, fui estuprada pelo último homem que eu poderia imaginar. Quando tinha 17 anos, o castelo caiu e fiquei soterrada. X me desejou boa noite e me chamou de Cinderela. Acordei. Olhei para o lado e lá estava ele, dormindo. Olhei melhor e o vi nu. Susto. Me olhei. Nua. O chão forrado de garrafas vazias. Eu forrada de amnésia. Foi difícil sentar. Então vi o que eu já imaginava. Perdi a virgindade. Me perdi”, escreve.
Continua: “Sem saber o que fazer, me tranquei no banheiro. Senti nojo de mim, vergonha, medo. O que aconteceu? Notei meu corpo machucado, roxo, mordido. Não conseguia pensar nem chorar. Só queria o abraço da minha mãe. Como zumbi, fui para o chuveiro e tentei me limpar, tirar a sensação de sujeira. Embaixo da água, me senti de alguma forma protegida. E chorei. Me dei conta de que não era pesadelo quando escutei o X batendo na porta. Num dado momento, me levantei aos prantos e exigi, do outro lado da porta: ‘Quero ir para a minha casa agora!’. Ele tentou dizer que não dava e entrei em surto. X concordou em me levar”.
“Acordei. Olhei para o lado e lá estava ele, dormindo. Olhei melhor e o vi nu. Susto. Me olhei. Nua. O chão forrado de garrafas vazias. Eu forrada de amnésia. Foi difícil sentar. Então vi o que eu já imaginava. Perdi a virgindade. Me perdi” relata a atriz.
A atriz conta que, quando chegou em casa contou o que aconteceu para a mãe, que foi atrás do estuprador, mas manteve o abuso em segredo para o pai. “Eu? Eu me sentia oca. Sentia tanto quanto não sentia nada. Passei a me vestir com as roupas do meu pai (Freud explica), queria sumir”, relata. “Com a ajuda do tempo, da minha mãe e da terapia, comecei a me reencontrar. Decidi ligar para o booker da agência. Lembra? Fui fazer aula de TV e cinema, estudar jornalismo e trabalhar como modelo para pagar o curso. Tudo isso fez um baita barulho em casa, claro, mas eu não era mais aquela Giselle. Total fênix. A imagem das princesas encantadas foi engolida. Eu me sentia o Hulk e contestava tudo que achava injusto, como a Mafalda”, diz sobre como sua vida mudou depois do estupro.
Ela conclui o texto falando sobre como o feminismo é importante e pede a união entre as mulheres: “Estamos (sobre)vivendo na cultura do estupro. A cada 12 segundos uma mulher sofre violência no Brasil. Ou seja, todo movimento é importante para chegarmos mais perto do fim da desigualdade de gênero. Foi duro escrever este texto, mas isso me fortaleceu ainda mais. Meninas, precisamos nos unir! Nosso futuro agradece”.
Veja o vídeo da campanha que ela mesma dirigiu:
(Via Agência de Notícias e Diário de Pernambuco)