É o primeiro passo para uma eventual delação premiada que envolva o empresário Marcelo Odebrecht.
O que políticos envolvidos com a Lava Jato mais temiam ficou bem próximo de acontecer. Após sucessivas e tensas rodadas de negociação, a cúpula da empreiteira Odebrecht, a maior do país, assinou acordo de confidencialidade com a força-tarefa da Operação Lava Jato. É o primeiro passo para uma eventual delação premiada que envolva o empresário Marcelo Odebrecht. aqui
Por causa de seu potencial explosivo, o acordo da Odebrecht com a força-tarefa ficou conhecido nos bastidores dos poderes como “a delação das delações premiadas”. Investigadores acreditam que Marcelo Odebrecht poderá revelar informações, inicialmente, sobre financiamento de campanhas eleitorais no Brasil e no exterior.
Em gravação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou que eventuais delações premiadas de executivos da Odebrecht seriam “uma metralhadora de [calibre] ponto 100”.
Os repasses da Odebrecht teriam favorecido quase todos os partidos, especialmente os maiores, e campanhas presidenciais. Teriam ocorrido repasses oficiais, declarados à Justiça, e por caixa 2.
Um capítulo que interessa aos investigadores é relativo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles querem saber sobre o sítio de Atibaia (SP) cuja propriedade a força-tarefa atribui ao petista – o que é negado com veemência por sua defesa.
Os investigadores também esperam informações de Odebrecht sobre a campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência, em 2014. Querem saber se houve algum encontro entre a então candidata e o empresário.
Com a colaboração do empreiteiro, investigadores esperam fechar um episódio importante da Operação Lava Jato, que prendeu João Santana, marqueteiro de Dilma e Lula, acusado de receber propinas da Odebrecht na Suíça. Ele nega a acusação.
Leniência
O acerto também abre caminho para um acordo de leniência da empreiteira, que passa por dificuldade financeira. Com esses acordos, se efetivamente forem fechados, serão estabelecidas condições como o valor de multa que a empreiteira arcará e as sanções penais aplicadas a Marcelo Odebrecht e a outros executivos.
Mesmo já condenado a 19 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Odebrecht poderá ter a pena “perdoada” ou significativamente reduzida.
A eventual concessão de benefícios ao maior empreiteiro do país será decidida pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, se houver homologação da delação.
Políticos
A delação de Odebrecht será submetida ao crivo da Corte, e não ao juiz federal Sergio Moro, porque a previsão é que ele revele nomes de políticos com foro privilegiado, como deputados e senadores.
Na prática, como ocorreu com outras pessoas jurídicas que seguiram a mesma trilha, a Odebrecht agora se obriga a apresentar o que tem para revelar sobre fatos e obras em torno das quais teria funcionado o esquema na Petrobras.
(Via Redação)