O Palácio do Planalto também precisa do partido, que tem 67 deputados, para garantir a aprovação dos projetos do pacote fiscal e evitar a votação de propostas que gerem impacto financeiro. aqui
Dilma havia prometido anunciar a nova configuração da Esplanada dos Ministérios nesta quarta (23). Mas a dificuldade em contemplar todos os aliados pode levar a petista a adiar para a semana que vem a definição de sua equipe.
O atraso tende a ampliar a instabilidade dos mercados financeiros, que têm expressado desconfiança sobre a capacidade da presidente de reagir à crise. Até agora, por exemplo, o governo ainda não enviou ao Congresso todos os projetos de corte de despesa e aumento de receita prometidos pela petista.
Hoje o PMDB controla seis pastas, mas elas têm menos peso político e orçamentário do que as novas que estão sendo negociadas.
Em encontro nesta quarta no Palácio da Alvorada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou Dilma que ela não pode desagradar nenhuma das três principais alas do PMDB –do vice-presidente Michel Temer e das bancadas da Câmara e do Senado, lideradas por Eduardo Cunha (RJ) e Renan Calheiros (AL)– na montagem da sua nova equipe.
Os três disseram a Dilma, no início da semana, que não indicariam nomes para a nova composição ministerial, fazendo crescer os temores de que a sigla poderia abandonar o governo de fato. A presidente, então, procurou os líderes das bancadas do partido na Câmara e no Senado para discutir os cargos.
Em reunião pela manhã com a presidente, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), entregou o nome de sete deputados para ocupar dois ministérios. Para Saúde, foram sugeridos Saraiva Felipe (MG) –já vetado por Dilma–, Marcelo Castro (PI) e Manoel Júnior (PB).
O nome que conta com maior simpatia da petista para a Saúde, segundo auxiliares e assessores, é o de Manoel Júnior (PB), médico de formação e aliado de Eduardo Cunha. Em uma entrevista recente, contudo, ele sugeriu que a presidente renunciasse, o que deve pesar contra sua escolha.
Para reduzir o número de ministérios, o governo chegou a cogitar criar uma nova “superpasta” da Infraestrutura, resultado da fusão de Portos com Aviação. Para esse posto, foram sugeridos os nomes de José Priante (PA), Mauro Lopes (MG), Celso Pansera (RJ) e Newton Cardoso Júnior (MG).
Para prestigiar Temer, o governo estuda como manter na reforma administrativa aliados do peemedebista no governo: os ministros Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).
Para garantir a permanência de um deles, o Planalto desistiu de extinguir a pasta do Turismo e deve manter no posto o atual ministro. E pode também manter Aviação Civil e Portos separados, com o objetivo de manter Padilha.
Na conversa que teve com o vice-presidente, a presidente chegou a pensar na hipótese de colocar Eliseu Padilha em Infraestrutura, mas a indicação causou resistência na bancada do PMDB na Câmara dos Deputados.
Leonardo Picciani havia cobrado que o comando da pasta seja dado a um deputado federal, já que o Senado Federal já conta com dois ministros senadores que devem ser mantidos na reforma administrativa: Katia Abreu (Agricultura) e Eduardo Braga (Minas e Energia).
O vice-presidente pediu ainda para que ela mantenha no governo federal o ministro Helder Barbalho (Pesca), cuja pasta deve ser extinta na nova configuração ministerial.
A petista chegou a oferecer à bancada do PMDB no Senado Federal a pasta de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas o grupo de Renan tem reivindicado a Integração Nacional.
PDT
Além do PMDB, a presidente se reuniu também como o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi. No encontro, ela ofereceu para o partido o comando ou de Esporte ou de Comunicações, o preferido do partido que já até indicou o deputado André Figueiredo (CE) para o cargo.
Está ainda em estudo fundir o Ministério do Desenvolvimento Social com a futura pasta que vai reunir Trabalho e Previdência Social, e que deve ficar com o PT.
A presidente já decidiu também criar o Ministério da Cidadania, fusão de Igualdade Racial, Mulheres e Direitos Humanos. Lula sugeriu a Dilma que, antes de anunciar esta decisão, chame os movimentos sociais para explicar a medida e evitar descontentamentos. Na reunião com Lula e ministros, Dilma disse que seu objetivo é garantir o corte de dez dos 39 ministérios.
(VIA FOLHA)