Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) querem que sejam incluídas as delações obtidas por meio da Operação Lava Jato no processo que pode cassar a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer. Na semana passada, o empreiteiro Marcelo Odebrecht citou envolvimento de Temer no esquema de propinas. aqui
Segundo informações do jornal O Globo, a informação que circula nos bastidores é a de que juízes estudam a possibilidade de pedir que o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo julgamento da Lava Jato, encaminhe documentos que possam fundamentar a cassação. Ele já teria começado a fazê-lo, mas as delações ainda não foram solicitadas formalmente.
Até o momento, as delações que citam o presidente interino não foram homologadas na justiça. Por isso, devem ser mantidas em sigilo. A decisão sobre o compartilhamento das provas dos depoimentos deve ficar a cargo do ministro Herman Benjamin, que assume a posição de corregedor no fim deste mês.
Até o momento, as delações que citam o presidente interino não foram homologadas na justiça. Por isso, devem ser mantidas em sigilo. A decisão sobre o compartilhamento das provas dos depoimentos deve ficar a cargo do ministro Herman Benjamin, que assume a posição de corregedor no fim deste mês.
Segundo reportagem da revista Veja, Temer pediu “apoio financeiro” a Odebrecht em maio de 2014. O empresário teria repassado R$ 10 milhões ao PMDB. O nome do presidente interino também apareceu na delação de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro. Machado mencionou pedido de propina de Temer para financiar a campanha de Gabriel Chalita à prefeitura de São Paulo em 2012. O valor acordado teria sido de R$ 1,5 milhão.
ESQUEMA DE PROPINA
O empresário Marcelo Bahia Odebrecht afirmou, em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato, que repassou R$ 10 milhões em dinheiro ao PMDB, em 2014, a pedido do presidente em exercício Michel Temer. A informação é da revista Veja que chegou às bancas no sábado, dia 6.
À publicação, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto confirmou que Temer e o empresário se encontraram há dois anos, mas afirmou que todo o dinheiro repassado pela empreiteira ao está de acordo com a legislação eleitoral.
Segundo Veja, em um dos anexos da delação premiada que Marcelo negocia com a Lava Jato, é relatado um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente, em maio de 2014. Durante o encontro, do qual também participou o então deputado Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil, Temer teria pedido ao empreiteiro “apoio financeiro” para o PMDB, que presidia à época.
Ainda de acordo com a revista, Marcelo disse que repassou R$ 10 milhões em dinheiro vivo. Padilha teria recebido R$ 4 milhões e o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, teria recebido outros R$ 6 milhões. Os valores teriam sido contabilizados no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, também conhecido como o “Departamento da Propina” da empreiteira.
Em resposta à Veja, o Palácio do Planalto informou que Temer e Marcelo de fato jantaram no Palácio do Jaburu em maio de 2014 para falar sobre “auxílio financeiro da construtora a campanhas eleitorais do PMDB, em absoluto acordo com a legislação eleitoral em vigor e conforme foi depois declarado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”. Segundo o TSE, a Odebrecht doou R$ 11,3 milhões à direção nacional do PMDB naquele ano.
Também em resposta à revista, o ministro-chefe da Casa Civil diz: “Lembro que Marcelo Odebrecht ficou de analisar a possibilidade de aportar contribuições de campanha para a conta do PMDB, então presidido pelo presidente Michel Temer”. De acordo com a assessoria do ministro, “como Padilha não foi candidato, não pediu nem recebeu ajuda financeira de quem quer que seja para sua eleição”.
Skaf, também em resposta à revista Veja, negou ter recebido recursos de Marcelo. Segundo Skaf, a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht, doou R$ 200 mil à sua campanha naquele ano.
Acordo
Preso desde junho de 2015, Marcelo Odebrecht foi condenado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato, a 19 anos de prisão e multa de mais R$ 100 milhões por danos causados à Petrobras.
Em outros trechos da delação premiada, o empreiteiro disse que repassou propinas referentes a contratos com a Petrobras por meio de doações eleitorais, entre elas as da presidente afastada Dilma Rousseff e também do senador Aécio Neves (PSDB), que também disputou a Presidência. Ambos negam.
Conforme pessoas que tiveram acesso às negociações entre o empreiteiro e a força-tarefa da Lava Jato, cerca de 50 executivos da Odebrecht, a maior empreiteira do Brasil, participam da delação que envolve dezenas de deputados, senadores e governadores dos mais diversos partidos e segmentos da política nacional.