“O grande problema da delação premiada é que o grande prêmio para os delatores é envolver o Lula”, disse. aqui
Na entrevista, de cerca de três horas, ele ressaltou que “não existe ação penal” contra ele. “O próprio [juiz federal Sergio] Moro já disse que não sou investigado”, afirmou ele, acrescentando: “Estou tranquilo. Tenho endereço fixo, todo mundo conhece minha cara”.
Até agora, o petista só prestou depoimento como testemunha.
Lula também falou sobre a Operação Zelotes, em que um de seus filhos, Luís Cláudio Lula da Silva, é investigado. “O que fazem com meu filho é uma violência”, afirmou, acrescentando que muito do divulgado na internet em relação à investigação é falso.
O petista criticou a imprensa e disse não admitir “mentira na informação”. “Daqui pra frente vou processar. Tem muitos, e vai ter cada vez mais”, afirmou.
Embora admita erros do partido, ele também reclamou do tratamento dado ao PT: “Os empresários dão dinheiro para todos. Agora, propina só o PT. É como se o PT fosse imbecil. Os outros só iam no honesto e o PT só ia no errado?”, perguntou.
Lula foi citado por dois delatores: o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Baiano.
Na conversa, Lula voltou a negar participação em irregularidades. “Se tem uma coisa de que me orgulho é que não tem uma viva alma mais honesta do que eu”, disse ele, desafiando: “Nem dentro da Polícia Federal, do Ministério Público, da Igreja Católica, da igreja evangélica. Pode ter igual, isso sim”.
DILMA
Ele também defendeu o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT João Vacari Neto, ambos presos em Curitiba. Na sua opinião, tratam-se de prisões injustas.
O ex-presidente pregou reação às “bordoadas” de que o governo Dilma Rousseff é alvo. Ao falar sobre crise econômica, defendeu que ela tenha mais “ousadia”. “Se Dilma estiver centrada na política de recuperação econômica e de geração de emprego, já está de bom tamanho”, disse. “Corrupção, deixa para a polícia, o Ministério Público e a Justiça.”
Ele contou que tem dito a Dilma que idealize “a fotografia final de seu governo”. “Dilma tem que pôr isso na cabeça: ‘Não só tenho que governar para caramba. Mas quero eleger meu sucessor’.”
O ex-presidente também se colocou à direita de sua sucessora: “A Dilma é muito mais à esquerda que eu. Ela tem uma formação ideológica mais consolidada. Eu sou um liberal. Na verdade, sou um cidadão muito pragmático e muito realista entre aquilo que eu sonho e aquilo que é a política real”.
Ao tratar da crise econômica, Lula defendeu que sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, tenha mais “ousadia” para superar a situação econômica atual. “Se Dilma estiver centrada na política de recuperação econômica e de geração de emprego, já está de bom tamanho”, disse o ex-presidente. “Corrupção, deixa para a polícia, o Ministério Público e a Justiça.”
Numa alusão às manifestações pelo impeachment, Lula disse que Dilma tem que “deixar de se incomodar com os contra”. “Se a gente ficar dando bola para os caras da Paulista…”, disse. “Eles nunca votaram em mim, por que vou dar bola para eles? Mas se eu for eleito, vou governar para eles também.”
2018
Sobre uma eventual candidatura sua à Presidência em 2018, Lula disse que ela depende do cenário político. “Ser candidato ou não vai depender do que estiver acontecendo em 2018”, disse. “Se eu estiver com saúde e perceber que sou o único que pode evitar que as conquistas do povo sejam tiradas, entrarei no jogo”, acrescentou.
Para o petista, não se deve discutir candidaturas neste momento, para que se possa dar atenção ao “fortalecimento do projeto”.
O ex-presidente também afirmou que terá um papel “ativo” nas eleições municipais deste ano. Ele também acrescentou que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad —que foi ministro da Educação em seu governo—, será reeleito na cidade.
Foram recebidos no Instituto Lula, em São Paulo, 11 blogueiros: Altamiro Borges (Blog do Miro), Breno Altman (Opera Mundi), Conceição Lemes (Viomundo), Conceição Oliveira (Maria Frô), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Gisele Federicce Francisco (Brasil 247), Joaquim Palhares (Agência Carta Maior), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo), Laura Capriglione (Jornalistas Livres), Miguel do Rosário (O Cafezinho) e Renato Rovai (Revista Fórum).