A rapidez com que Eduardo Cunha pode se vingar do PMDB por conta da cassação vai depender da velocidade com que o Supremo Tribunal Federal o despacha para o juiz Sergio Moro, apontou a colunista Helena Chagas. Ontem, após a cassação Cunha já sinalizou que pretende publicar em um livro todo o bastidor do impeachment de Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, creditou ao governo Temer sua derrota na Câmara. O rancor pode ser o combustível.
É grande, nesta manhã, a torcida do establishment e das consultorias do mercado para que o agora cassado Eduardo Cunha não exploda o quarteirão e não perturbe a aprovação das reformas. Mas o futuro a Cunha pertence. Ninguém sabe bem o que vai acontecer. Brasília amanheceu num misto de alívio e apreensão, dependendo do endereço. aqui
O anúncio de Cunha, nos primeiros minutos da madrugada, de que contará toda a história do impeachment num livro que começa a escrever agora assustou alguns, mas foi interpretado como uma última ameaça, tentativa final de obter alguma ajuda. Se tivesse intenção de chutar o pau da barraca de imediato, analisam alguns, teria acenado com a delação premiada.
O livro, que demora algum tempo para ser escrito e pode tomar qualquer rumo – até o de não ser escrito -, é uma forma de ameaçar os companheiros sem se jogar já irreversivelmente nos braços dos investigadores da Lava Jato nas desgastantes negociações de uma delação. E não o impede, mais adiante, de partir para ela.
O que quer Eduardo Cunha a essa altura? Não quer ser mandado logo para Cuririba de Sérgio Moro. Esse caminho parece inevitável com a perda do foro privilegiado decorrente da cassação, mas do ponto de vista jurídico não é inexorável. Há casos em que, por conexão com outros réus de foro privilegiado, o acusado continuou a ser julgado no STF – José Dirceu no Mensalão, por exemplo.
O que quer Eduardo Cunha a essa altura? Não quer ser mandado logo para Cuririba de Sérgio Moro. Esse caminho parece inevitável com a perda do foro privilegiado decorrente da cassação, mas do ponto de vista jurídico não é inexorável. Há casos em que, por conexão com outros réus de foro privilegiado, o acusado continuou a ser julgado no STF – José Dirceu no Mensalão, por exemplo.
Os advogados de Cunha trabalham ainda com a possibilidade de pelo menos uma das ações ir para no TRF2, que abrange o Rio, por conta da ex-deputado Solange Amaral, também citada, que hoje é prefeita.
Todas essas possibilidades de escapar de Curitiba são remotas, mas enquanto não esgotá-las Cunha não vai explodir o quarteirão. Mais remotas ainda são as chances de Michel Temer ajudá-lo em conversas com figuras importantes do Judiciário. Mas, nas esperanças de Cunha, há sempre algum interlocutor ou amigo comum que possa fazer isso a pedido do presidente.
Com ou sem ajuda, porém, quem conhece o STF – onde a posse da ministra Carmen Lúcia se transformou ontem num ato contra a corrupção – aposta que as tentativas de Cunha vão morrer na praia e que ele acabará, sim, nas mãos de Moro. Quem sabe até vendo o sol nascer quadrado.
A questão agora, portanto, parece ser apenas de tempo. A rapidez de Cunha para explodir o quarteirão – e com ele muita gente do PMDB de Michel Temer – vai depender da velocidade com que o STF o despachar para Moro.