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O fim da linha se aproxima – Moro X Lula

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou os últimos meses como um lutador de boxe cambaleante à espera do soar do gongo. A interlocutores, admitiu que o pior dos mundos para ele seria cair nas mãos do juiz Sérgio Moro, a quem atribui a coleção de desventuras jurídicas e políticas acumuladas por ele nos últimos tempos. Na terça-feira 16, em um novo round desta batalha, o petista sofreu o golpe de misericórdia. Moro negou um pedido da defesa do morubixaba petista para que os inquéritos contra ele fossem transferidos do Paraná para São Paulo. aqui

Rejeitou os argumentos de que as suspeitas contra o ex-presidente não guardariam relação com os desvios na Petrobras e lembrou que Lula não só foi o mentor do esquema que lesou a estatal, como se beneficiou com as fraudes. “Essa hipótese investigatória, que atribui ao ex-presidente responsabilidade criminal pelo ocorrido na Petrobras e vincula às benesses aos crimes cometidos contra a estatal, é suficiente, nessa fase, para determinar a competência deste Juízo”, decidiu, em despacho.

Procuradores e delegados federais possuem robustas provas de que o petista recebeu dinheiro do Petrolão por meio de palestras e de que com a ajuda de familiares ocultou as propriedades de um tríplex no Guarujá e um sítio no interior paulista, reformados com recursos de empreiteiras. Apesar das suspeitas, o clã Lula prefere se refugiar no silêncio. Na última semana, a ex-primeira-dama Marisa Letícia e um dos filhos do casal Fábio Luis Lula da Silva simplesmente se recusaram a depor à Polícia Federal nas investigações sobre a propriedade do sítio.

Desde que foi levado coercitivamente a depor na 24ª fase da Operação Lava Jato em março, o ex-presidente Lula não fazia outra coisa senão manobrar para não ser julgado pelo juiz Sérgio Moro. Chegou até a ser nomeado dias depois ministro da Casa Civil pela presidente afastada Dilma Rousseff em uma jogada de altíssimo risco. Pretendia, com isso, ganhar foro privilegiado e escapar de um eventual pedido de prisão. O plano virou um tiro no pé com a divulgação de interceptações telefônicas da Lava Jato. Nos diálogos, Lula e sua sucessora tratavam o termo de posse como um salvo-conduto contra as investigações do Petrolão.

Os advogados da família juram que não há desrespeito, afronta ou temor. Não é o que parece. Aos agentes da PF, os familiares do ex-presidente poderiam esclarecer, por exemplo, as graves acusações feitas naquele mesmo dia pelo pecuarista amigo de Lula José Carlos Bumlai, preso no Petrolão. Em depoimento, ele disse que, a pedido de dona Marisa, escalou um engenheiro de sua usina para tocar as obras de ampliação do sítio. Dias depois, recebeu um telefonema do assessor de Lula Rogério Aurélio Pimentel, para deixar a obra. Com a seguinte justificativa: uma construtora assumiria a reforma para acelerar os trabalhos. Documentos e depoimentos indicam que os serviços foram bancados e realizados por empreiteiras envolvidas no Petrolão, como a Odebrecht e a OAS.

Desrespeito às instituições
No caso do sítio e de outras investigações, o ex-presidente Lula, familiares e aliados investem no discurso desesperado da vitimização. Dizem-se perseguidos pelo Judiciário, por procuradores e delegados federais. Um enredo que de tão criativo chega a fantasiar que o juiz Sérgio Moro faria, como alegaram os advogados do petista na ONU, parte de uma trama política com propósitos eleitorais. Acusações que o PT tenta espalhar pelo mundo com cartilhas traduzidas para quatro idiomas e que de tão infundadas fazem o partido cair em contradição. Nos documentos, alegam que Lula não é réu de nenhum processo. Neste caso, faltam com a verdade.

Pelas mãos de Moro, realmente, ainda não. Mas, em julho, outro magistrado aceitou uma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal contra o líder petista e outros acusados por tentarem obstruir as investigações da Operação Lava Jato e comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. Ou seja, em prejuízo à narrativa, o petista é réu, sim.

Na ONU, Lula afirma ser vítima de perseguição, como se fosse alvo de um processo político. Só mostra o descaso com que trata as instituições e a soberania do País

Desde que foi levado coercitivamente a depor na 24ª fase da Operação Lava Jato em março, o ex-presidente Lula não fazia outra coisa senão manobrar para não ser julgado pelo juiz Sérgio Moro. Chegou até a ser nomeado dias depois ministro da Casa Civil pela presidente afastada Dilma Rousseff em uma jogada de altíssimo risco. Pretendia, com isso, ganhar foro privilegiado e escapar de um eventual pedido de prisão. O plano virou um tiro no pé com a divulgação de interceptações telefônicas da Lava Jato. Nos diálogos, Lula e sua sucessora tratavam o termo de posse como um salvo-conduto contra as investigações do Petrolão.

Foi a primeira das tentativas desesperadas. Houve ainda o recurso ao STF e o apelo à Organização das Nações Unidas (ONU) por pretensa violação aos Direitos Humanos. Ao órgão internacional, o petista se diz vítima de perseguição, como se fosse alvo de um processo político, o que definitivamente não é o caso. As iniciativas não só não lograram êxito, como evidenciaram como Lula e parte de seus aliados tratam com descaso as instituições e a soberania do País, governado pelo PT por mais de treze anos. A tentativa de politizar as acusações pode até adoçar a boca de simpatizantes do PT, ávidos por um discurso para chamar de seu, mas não tem o condão de resolver a situação do ex-presidente frente a um técnico judiciário.

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