Política

Cunha perde por 11 a 10 e terá abertura de investigação e processo de cassação

Chegou a sua hora Cunha – Depois de mais de quatro meses de discussões, processo foi aprovado por 11 votos a 10. O presidente do conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), foi o responsável pelo voto decisivo

Cada dia é pra um, agora chegou a vez de Cunha –  O Conselho de Ética, enfim, abriu investigação contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na madrugada desta quarta-feira. A abertura da investigação acabou nas mãos do presidente José Carlos Araújo (PSD-BA), como previam aliados de Cunha, que chegaram a ingressar no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que ele votasse em caso de desempate. O ministro Luís Roberto Barroso, porém, negou o mandado de segurança. A admissibilidade do relatório do deputado Marcos Rogério (PDT-RO), que pede a continuidade das investigações contra o peemedebista, foi aprovada por 11 votos a 10. aqui

O processo que pode levar à cassação de Cunha se arrastou ao longo de quatro meses – período recorde na história do colegiado – e foi alvo de duras manobras de aliados do peemedebista e até de intervenção da cúpula da Casa, que, de ofício, anulou a abertura de investigação anterior e destituiu o relator. Caso não haja novos recursos, abre-se prazo de dez dias para Eduardo Cunha apresentar defesa.

Cunha passou a ser alvo do Conselho de Ética após PSOL e Rede ingressarem, em outubro do ano passado, com ação pedindo a perda do mandato por quebra de decoro parlamentar pelas suspeitas contra ele – o peemedebista foi citado em depoimentos de investigados pela Operação Lava Jato como sendo beneficiário de 5 milhões de dólares do esquema de desvios de recursos da Petrobras. As legendas alegam que Cunha não prestou esclarecimentos sobre as suas contas bancárias secretas mantidas na Suíça. Pior: mentiu durante depoimento à CPI da Petrobras justamente por ter negado possuir conta no exterior.

O processo foi instaurado em novembro, mas a votação da admissibilidade, uma ação apenas protocolar e que dá continuidade às investigações, foi alvo de sucessivas manobras da tropa de Cunha. Desde então, a força-tarefa da Lava Jato complicou a situação do peemedebista no petrolão e trouxe à luz novas acusações contra ele, como a de que mentiu também ao dizer que o lobista Fernando Baiano, apontado como operador de propinas para o PMDB, nunca esteve em sua residência no Rio de Janeiro – visita confirmada pelo próprio Baiano em depoimento de delação premiada. O caso foi incluído pelo relator Marcos Rogério no processo por quebra de decoro.

Atrasos – A votação desta terça-feira foi marcada por uma série de estratégias articuladas por deputados ligados a Cunha. As iniciativas já são conhecidas: vão de reclamações da ata da sessão anterior até a questionamentos alheios ao tema em questão. Nesta tarde, coube ao deputado Wladimir Costa (SD-PA) apresentar uma nota de repúdio direcionada ao presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo. Antes de iniciar a leitura do documento, explicitou o desinteresse em abrir a votação: “Estou sem óculos e irei ler lentamente”, disse, tomando dez minutos para criticar o comando do colegiado. As investidas partiram também dos deputados Carlos Marun (PMDB-MS), Manoel Júnior (PMDB-PB) e André Moura (PSC-SE).

A sessão teve início às 14h30 e acabou suspensa após três horas de duração por causa da abertura dos trabalhos em plenário – prerrogativa do próprio Eduardo Cunha. O presidente do colegiado, então, convocou uma sessão para depois da ordem do dia, iniciada após as 23h. Aliados do peemedebista haviam deixado um “kit obstrução” engatilhado para atrapalhar novamente a votação. Em uma mudança de estratégia, porém, eles retiraram todos os requerimentos de adiamento logo na reabertura da sessão.

“Estamos chegando em um momento em que não é possível mais protelar nada. Amanhã o STF vai julgar se Cunha vira réu. Aqui na Casa já está claro: oito delações premiadas foram feitas, ele mentiu à CPI e é um correntista suíço. Não tem mais o que discutir”, afirmou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), citando o julgamento desta quarta no STF que vai decidir se Cunha vira réu na Lava Jato. “Estamos sendo cobrados pelo ridículo e por não conseguir avançar em algo tão básico: um parlamentar que negou ter contas no exterior e depois foi revelado o nome dele e da família nessas contas. Não é crível que a Casa e os integrantes do conselho não possam ao menos abrir um processo para que isso possa ser apurado”, afirmou Nelson Marchezan (PSDB-RS).

Apesar do avanço do conselho, dias ainda mais difíceis são esperados de agora em diante. Com a aprovação da admissibilidade, abre-se uma série de prazos, como o de apresentação da defesa e de oitiva de testemunhas, medidas que também permitem uma série de medidas protelatórias. Nos corredores da Casa, a punição de Cunha pela ação de parlamentares é considerada improvável. A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal avance nas investigações da Lava Jato ou atenda pedido da Procuradoria-Geral da República e decrete o seu afastamento do mandato. Nesta quarta, vai decidir se torna o peemedebista réu pelo envolvimento no esquema do petrolão.

(Via Veja e agências)

Related posts

Caiu mais um, governador do Amazonas tem mandato cassado por compra de votos

admin

ONU pode ampliar sanções contra Coreia do Norte

admin

OS CONTRATOS MILIONÁRIOS DE LULA COM A ODEBRECHT, LEIA, VOCÊ IRÁ ASSUSTAR !!

admin