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FHC bancava “amante” no exterior com dinheiro de empresa Brasif S.A. Exportação e Importação

Os comprovantes estão dentro dessa matéria, FHC mantinha amante e pagava de santo –  A transferência foi feita, segundo ela, por meio da assinatura de um contrato fictício de trabalho, celebrado em dezembro de 2002 e com validade até dezembro de 2006. aqui

Em entrevista à Folha, a jornalista afirmou que FHC usou uma empresa para bancá-la no exterior.

No documento, aparece como contratante a Eurotrade Ltd., empresa da Brasif com sede nas Ilhas Cayman.

O contrato estabelece que a jornalista deveria prestar “serviços de acompanhamento e análise do mercado de vendas a varejo a viajantes”, fazendo pesquisas “tanto em lojas convencionais como em duty free shops e tax free shops” em países da Europa.

Os dados coletados seriam enviados à Brasif, que na época explorava os free shops (lojas com isenção de impostos) de aeroportos brasileiros.

Fernando Henrique admitiu manter contas no exterior e ter mandado dinheiro para Tomás, mas nega ter usado a empresa para bancar a jornalista.

Editoria de arte/Folhapress

DÍVIDA

Mirian, que como jornalista trabalhou na TV Globo, afirmou à Folha que “jamais pisou” em uma loja convencional ou em um duty free para trabalhar.

E que o contrato, de US$ 3.000 mensais, foi feito para “suplementar” a renda dela e de Tomás.

“Eu trabalhava na TV Globo e tive um corte de 40% no salário em 2002. Me pagavam US$ 4.000. Eu estava superendividada, vivia de cartões de crédito e fazendo empréstimo no banco. Me arrumaram esse contrato para pagar o restante”, afirma Mirian.

O acordo foi mediado pelo jornalista e lobista Fernando Lemos, que era casado com Margrit Dutra Schmidt, irmã de Mirian.

“Ele [Lemos] disse que tinha que arrumar um jeito de melhorar a minha vida financeira, já que eu tinha uma hipoteca [de um apartamento que comprou em Barcelona, na Espanha] e a Globo tinha cortado o meu salário.”

Lemos, morto em 2012, e Margrit faziam a ponte entre a jornalista e Fernando Henrique, então presidente, que não tinha como manter contato frequente com Mirian.

PESQUISA

A jornalista diz que, numa conversa, dois anos depois da vigência do contrato, Fernando Henrique revelou que o dinheiro enviado pela Brasif era, na verdade, dele, e não da empresa.

“Ele me contou que depositou US$ 100 mil na conta da Brasif no exterior, para a empresa fazer o contrato e ir me pagando por mês, como um contrato normal. O dinheiro não saiu dos cofres da Brasif e sim do bolso do FHC”, diz.

O empresário Jonas Barcellos, dono da Brasif, não nega o acerto. Mas diz não se lembrar de detalhes.

“Tem alguma coisa, mesmo, sim”, afirmou ele, quando questionado pelaFolha sobre ter assinado um contrato com Mirian para ajudar FHC a enviar recursos a ela. “Eu só não sei se era contrato”, declarou.

Barcellos disse que estava em Aspen, nos EUA, e que voltará ao Brasil na próxima semana. “Vou fazer um levantamento na empresa para esclarecer tudo”.

Questionado sobre ter tratado do tema com FHC, respondeu: “Faz muito tempo, eu preciso pesquisar e me lembrar para responder.”

Mirian e Fernando Henrique mantiveram um relacionamento extraconjugal por seis anos. No período, ficou grávida. Depois do nascimento de Tomás, pediu à emissora que a transferisse para Portugal.

FHC não registrou Tomás. Mas nunca questionou a paternidade e sempre o tratou como filho, responsabilizando-se por parte do sustento do jovem no exterior.

Em 2009, a Folha revelou que o ex-presidente havia decidido reconhecer o filho na Espanha, onde Tomás vivia com a mãe.

“Eu sempre cuidei dele”, afirmou na época ao jornal.

Dois anos depois, o ex-presidente fez dois exames de DNA com Tomás.

Os resultados deram negativo, o que provaria que o jovem não é seu filho biológico. FHC afirmou publicamente que o exame em nada alterava a situação e que ele seguiria reconhecendo Tomás como seu filho.

Mirian questiona a validade do exame.

CONGLOMERADO

Fundado em 1965, o grupo Brasif atua em diversos setores, como venda e aluguel de máquinas pesadas, biotecnologia animal e varejo de vestuário. A operação dos free shops foi vendida em 2006 para o grupo suíço Dufry, por US$ 500 milhões.

(Via Folha, FolhaPress e agência)

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