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Em SP batalhão de choque defende a democracia

No dia  30 de agosto, a ajuda do Batalhão de Choque do Estado de São Paulo foi pedida, quando manifestantes pró-Dilma decidiram atacar a sede do jornal “Folha de São Paulo”, um dos grandes representantes históricos da imprensa livre e da defesa da democracia no Brasil. O motivo desse ataque? Segundo os frustrados invasores, o prédio deveria ser tomado, pois o jornal é o símbolo da mídia golpista e um instrumento das elites da direita reacionária, que patrocinou o impeachment midiático-jurídico da “presidenta”. aqui

Como se a lógica e motivos desses manifestantes já não fossem suficientemente patéticos, o jornalismo brasileiro também não passou incólume neste incidente, no que tange sua relação com as forças policias. Isso fica explicitado através da incrível e potente foto acima, que mostra os soldados do Batalhão de Choque do Estado de São Paulo formando uma linha de defesa na entrada da sede da “Folha”, para defender a legalidade e a liberdade de imprensa.

Ao ver duas dúzias de soldados do Batalhão de Choque do Estado de São Paulo na sua frente, os manifestantes tiveram um raro momento de inteligência e foram embora. Mas, considere o seguinte cenário: você é o comandante da Tropa de Choque e os baderneiros decidem atacar e invadir. Qual decisão você tomaria? 1) Ordenar sua tropa que evite o confronto e fique neutra, permitindo a entrada dos manifestantes na sede do jornal, ou 2) Impedir a invasão, dando a ordem para colocar em prática o protocolo operacional para lidar com esse tipo de situação. A resposta para esta pergunta é simples, mas há outra questão, com uma resposta bem mais delicada.

Como a imprensa iria reportar este hipotético cenário de conflito entre a PM e os manifestantes? Produzindo uma reportagem sobre uma operação policial justificada, para proteger a liberdade de imprensa, ou então relatar mais uma ação abusiva e violenta da polícia, apresentando fotos de soldados mal treinados, batendo em civis indefesos.

Na comédia de ficção “Ghostbusters” de 1984, quando os fantasmas apareciam para assombrar a população, bastava chamar os Caça Fantasmas para se livrar deles. No mundo real, desde 1831, quando a lei é quebrada, basta chamar a Polícia Militar. O jornal “Folha de São Paulo” sabe disso.

Leia abaixo e entrevista do Coronel PM Nivaldo Cesar Restivo, Comandante do Policiamento do Choque do Estado de São Paulo, sobre as ações do Choque paulista.

Coronel, te chamo de você ou de senhor?
Você.

Você já foi assaltado?
Não.

Se fosse, reagiria?
Como qualquer Policial Militar, sou treinado para avaliar e lidar com esse tipo de situação. Se for surpreendido por um bandido, e julgar que possuo condições de neutralizar esta ameaça, não hesitarei. Escolhi essa profissão por amor, e a sociedade me paga para desempenhá-la de forma correta e legalista. É isso que eu e meus comandados sabemos fazer. E fazemos muito bem feito.

Sob seu comando direto estão várias unidades de elite como a ROTA, o COE e o GATE. Me parece o trabalho fácil e tranquilo, com muitas horas de sono, pouca responsabilidade, horário fixo e muita rotina.
(gargalhada) Você acertou em um item: o trabalho é fácil em função da qualidade, capacitação e dedicação dos meus comandados, eles facilitam muito minha vida.

No mundo todo, imprensa e polícia não possuem uma relação exatamente amorosa, e no Brasil isso não é exceção. Como foi receber o pedido de socorro do jornal “Folha de São Paulo”, que estava prestes a ser invadido no final de agosto?
Nosso setor de inteligência fez um alerta que manifestantes iriam invadir a sede da “Folha”. Coloquei imediatamente nosso trabalho preventivo em ação, e ordenei que um contingente do Choque se posicionasse na entrada do jornal, para impedir a ocorrência de danos ao patrimônio da empresa e possíveis ofensas à integridade física dos seus funcionários. A PM paulista fez isso baseada na técnica do seu treinamento e dentro dos estritos limites da lei.

Coronel, fala a verdade, deve ter dado um gostinho especial ver a foto da sua Tropa de Choque defendendo um dos pilares da democracia: a liberdade de imprensa.
Sim, a fotografia do Choque protegendo a imprensa é emblemática sob vários aspectos, mas destaco um. Muitas vezes a PM é retratada pela mídia como uma instituição totalitária, violenta, mal treinada e mal equipada, mas na hora do aperto, foi essa mesma PM que foi chamada para impedir a ação de manifestantes, que estavam prestes a quebrar a ordem pública para exprimir suas opiniões. Ressalto que eles possuem todo direito de considerar a “Folha” um jornal golpista, anti-democrático e a serviço das elites conservadoras, e que tanto a imprensa como os manifestantes, sempre vão contar com o apoio e proteção da Polícia Militar do Estado de São Paulo, desde que estejam dentro da legalidade. Caso contrário, somos obrigados e iremos aplicar a lei vigente.

O que motivou a violência destes manifestantes contra a “Folha de São Paulo”?
Não é atribuição da PM saber a motivação de potenciais infratores, mas após os fatos, soubemos informalmente que estes manifestantes pró-Dilma, estavam descontentes com o posicionamento do jornal sobre a cassação da ex-presidente.

Deixa eu entender bem. Para defender uma presidente eleita democraticamente, por dois mantados consecutivos, e que foi cassada seguindo-se todos ritos democráticos descritos na Constituição, os manifestantes decidiram atacar a democracia?
(longo silencio) Minha opinião pessoal é que houve uma sobreposição de interesses pessoais contra o coletivo. Quem votou pela cassação da ex-presidente foi a maioria dos representantes legalmente eleitos pelo povo: Deputados Federais e Senadores. Quem supervisionou e conduziu este processo, foram as maiores autoridades judiciais deste pais: ministros do Superior Tribunal Federal, muitos dos quais indicados pelo partido da ex-presidente. Mesmo assim, parte da sociedade considerou ser esse processo um golpe ilegal, e transferiu uma fatia desta “culpa” para a imprensa. A mesma imprensa que nas últimas décadas reportou as conquistas e ascensão das forças políticas de esquerda, agora se transformou em alvo dessas mesmas forças, por se posicionar de forma diferente da que elas consideram correta. Os manifestantes em questão entenderam que a imprensa livre perdeu sua utilidade, se transformou num adversário e deveria ser atacada fisicamente, como o que quase aconteceu com a sede da “Folha de São Paulo”.

Neste episódio, não faltaram criticas contundentes contra a PM, classificada pelos manifestantes como instrumento subordinado da ditadura golpista, como repressores a serviço da elite burguesa e da imprensa conservadora.
Concordo com os manifestantes, a PM realmente é um instrumento subordinado. Subordinado ao Governador do Estado de São Paulo, democraticamente eleito pelos paulistas e a serviço da legalidade. Da mesma forma que a competente Guarda Municipal também é um instrumento subordinado ao Prefeito da Cidade de São Paulo, democraticamente eleito pelos paulistanos e também a serviço da legalidade. Qualquer pessoa com inteligência mediana consegue ver que a policia não foi criada para ser um organismo repressor e sim como garantidor do estado de direito e da legalidade, para evitar que o caos tome conta da sociedade.

A PM paulista desenvolve alguma ação para se aproximar da mídia?
Sim, temos procurado aproximar esses profissionais dos nossos batalhões para sermos melhor conhecidos, mostrando a carga e composição da grade curricular das nossas escolas de sodados, sargentos, oficiais e bombeiros, que inclui direitos humanos, aulas práticas de primeiros socorros, controle de multidões, legislação, psicologia, etc… Nosso Centro de Comunicação Social frequentemente convida jornalistas para conhecer e praticar nosso método de tiro Giraldi, criado por um Coronel da PM paulista, que consiste num disparo defensivo de preservação de vida, adotado como modelo pelas Nações Unidas e por vários países. Este curso de tiro acontece num final de semana, dois dias muito puxados, com aulas teóricas e práticas. No mais recente, uma jornalista “matou” outro jornalista (um manequim de papelão), numa simulação de decisão de tiro. A jornalista pensou que seu alvo estava segurando uma arma, se sentiu em perigo e disparou. Na verdade seu colega de papelão estava com um celular na mão.

A arma que a jornalista usou estava com munição real?
Sim.

Aproveitando o tema feminino, qual o papel hierárquico e operacional que uma mulher pode ocupar na Policia Militar?
A Polícia Feminina nasceu na PM na década de 1950, basicamente prestando atendimentos sociais para a população.  Hoje, 10% do nosso contingente é de mulheres, e elas ocupam todos os postos hierárquicos e operacionais da instituição. Recebem o mesmo treinamento e estão habilitadas a fazer qualquer atividade que seus pares homens executam, deste o patrulhamento em viaturas nas ruas, incluindo motocicletas e cavalos, até funções administrativas e de comando. Não designamos mulheres para as operações de campo da ROTA em função do tipo de confronto e das exigências da complexão física que devem ser compatíveis com essa atividade, mas elas sabem manusear todo armamento embarcado numa viatura da ROTA e dirigir esta viatura, com a mesma eficiência de um homem.

Além do policiamento preventivo e ostensivo, que outras atividades a PM presta para a população?
Vou te dar dois exemplos que me orgulham muito. Ano passado 54 brasileiros nasceram dentro de viaturas da PM paulista, com partos conduzidos por policiais que faziam patrulhamento. O outro é a Equoterapia, uma atividade desenvolvida pelo nosso Regimento de Cavalaria, e oferecida para crianças com deficiências e limitações, que não possuem condições financeiras para fazer esse tratamento médico de interação com animais. Esse processo é conduzido por uma equipe multidisciplinar de terapeutas voluntários civis e de policiais militares que doam seu tempo livre. Todos ganham com isso. A criança que evolui, os PMs e civis com o prazer de fazer o bem, e os cavalos que visivelmente adoram interagir com estes pequenos pacientes. Essa atividade da Cavalaria da PM é fenomenal, só de falar fico arrepiado!

Como a Polícia Militar paulista trata os maus policiais?
A Polícia Militar possui 185 anos, ela nasceu em 1831 e sua história se confunde com a história do Brasil. Por definição esta é uma instituição legalista que não tolera desvios de comportamento que arranhem a imagem dos seus 90.000 homes e mulheres. Desvios involuntários são corrigidos, os voluntários são punidos. Um PM sempre representa a instituição inteira, se ele ou ela infringir propositalmente a lei, a tropa toda se sente afetada e este PM será punido de forma rigorosa.

Você acha que o usuário de drogas, maconha por exemplo, deve ser tratado da mesma forma que o traficante?
Não. O sujeito que for pego fumando um cigarro deste tipo, é a ponta da linha de um sistema criminoso complexo, que envolve traficantes, vendedores, transporte e produção, tudo isso com apoio logístico envolvendo armamento pesado e ilegal. O estado não pode tratar o usuário da mesma forma que o traficante. A solução para o usuário não deve ser através da ação policial, o usuário precisa de cuidados e apoio da sociedade, como tratamento, educação e oportunidade de trabalho. Já os traficantes devem ser combatidos pela polícia de forma intensa e ostensiva. É responsabilidade do estado impedir que seus cidadãos tenham acesso a qualquer tipo de droga ilícita.

Se o Mujica, ex-presidente do Uruguai, te oferecesse o mesmo emprego que você tem no Brasil, e triplicasse teu salário, você aceitaria?
De forma nenhuma, nem que ele me desse aquele fusca azul dele! (gargalhadas). Drogas, de qualquer tipo, devem ser eliminadas e não legalizadas, tanto pelo mal que fazem para o individuo como para a sociedade. Não é por acaso que, no mundo todo, drogas são chamadas de drogas.

Mas o álcool não é uma droga oficializada pelo estado?
Entendo o motivo da sua pergunta, mas ela não faz nenhum sentido. Se um determinado tipo de droga é legalizada, isso é motivo para legalizar outras? Esse raciocínio fere a lógica e o bom senso.

Você é a favor da prisão perpétua?
Acho que esta não é a solução. O melhor caminho é o cumprimento integral da pena. Não acho que devemos introduzir novos elementos na lei e sim aprimorar a atual. Não se pode tratar um individuo que furta dinheiro de um caixa eletrônico usando dinamite e um fuzil de combate, da mesma forma que outro que quebra o vidro de um automóvel para furtar um celular. São dois furtos, mas o primeiro coloca em risco dezenas de pessoas, que podem ser feridas ou mortas por uma explosão de grande porte e por tiros de armas automáticas de combate, com enorme poder ofensivo. Esta é a minha opinião pessoal. Não sou legislador, sou policial e cumpro a lei.

Você já recebeu uma ordem que foi contra seus valores pessoais e hesitou em cumpri-la?
Por definição esta situação nunca irá ocorrer na Policia Militar. O principio que rege todas ações desempenhadas pela PM é a legalidade. Não existe a opção de não cumprirmos uma missão. Se fizéssemos isso estaríamos quebrando a lei. Vou te dar um exemplo emblemático: uma reintegração de posse. Minha tropa não acorda num dia e decide, por vontade própria, desalojar famílias. O Batalhão de Choque é intimado pelo Poder Judiciário para apoiar o trabalho do Oficial de Justiça designado para cumprir a ordem de um juiz. Além de crianças, mulheres e idosos, é comum haver cadeirantes e pessoas adoentadas em assentamentos ilegais, e quando vemos isso, sentimos a dificuldade de apoiar uma ação dessa natureza, esta não é uma situação que nos deixa imunes. Mas existe uma determinação judicial que deve ser cumprida, e minha tropa é a parte que a sociedade escolheu para assegurar que o Judiciário tenha sua ordem cumprida. Entendo os que criticam esse tipo de ação, mas eles podem dormir tranquilos, sabendo que, se suas residências forem violadas e um juiz determinar a remoção dos invasores, o Batalhão de Choque estará lá, para apoiar essa determinação.

Coronel, estou muito feliz em te entrevistar e não ser entrevistado. Se você me fizesse estas perguntas, não saberia como responder. Ficaria tudo em branco…
(risadas)

A assassina Suzane von Richthofen, condenada à pena de 39 anos de reclusão pelas execuções a marretadas nas cabeças do seu pai e sua mãe, recentemente recebeu o benefício de saída temporária da cadeia, para poder comemorar o que? O dia dos pais. Como você vê isso?

Com indignação. Mas a indignação maior vai para nossa legislação que permite esse absurdo. Casos de assassinato, com a motivação e detalhes macabros como o cometido por esta moça, não merecem nenhum tipo de regalia e benefício. A legislação precisa ser mais dura. Se esta criminosa parricida foi condenado a 39 anos de cadeia em regime fechado, a pena deve ser cumprida integralmente. Na escola que estudei, aprendi que seis é igual a meia dúzia, mas a matemática da nossa lei é outra: seis é igual a um. O criminoso é condenado a 6 anos, cumpre um sexto da pena e pode ser solto. O crime foi “leve”? Acho que a vítima não acha isso. Essa é minha opinião de cidadão.

Coronel, tenho um presente para você.
O que?

Uma lâmpada mágica. O que você pediria, sem limitação de orçamento, para que sua tropa fosse a força policial dos seus sonhos?
Nada.

Como? Não entendi…
Qual parte do “Nada” você não entendeu?

Todas as partes do nada. Explica!
Se eu recebesse este cheque em branco, doaria para instituições de caridade. Não falta nada para minha tropa no Comando de Choque. Tenho os melhores policiais e os melhores programas de treinamento. Nossos PMs são capacitados em Israel, na Espanha, Argentina, Canadá, França, nas melhores escolas internacionais. Protegemos nossos policiais com os equipamentos modernos e sofisticados, como exoesqueletos e roupas feitas com tecido anti-chamas. Nosso armamento defensivo e ofensivo esta em par com os das melhores forças policias do mundo. Nossos veículos são o que há de mais eficiente para executar nossas missões, desde as viaturas da ROTA, altamente equipadas, até os veículos do esquadrão de bombas, com robôs de controle remoto. A qualidade superior do Batalhão de Polícia de Choque do Estado de São Paulo é reconhecida pelas forças policiais de outros estados da federação, que enviam seus contingentes para serem treinados aqui. O governo do estado fornece tudo que preciso para que minhas tropas desempenhem suas missões com muita eficiência.

E os salários, podem melhorar?
Ganhamos pouco pelo que fazemos, mas ganhamos o suficiente para satisfazer as necessidades das nossas famílias e levar uma vida digna. Lembro que todos PMs do Choque lutaram para conseguir uma vaga nesta força de elite, passando por um rigoroso processo de seleção. Quem esta sob meu comando, escolheu e foi escolhido para fazer parte desta tropa. Todos que estão aqui gostam muito da sua profissão.

Coronel, quero terminar esse bate-papo com uma afirmação e não com uma pergunta.
Vai em frente.

Jamais imaginei que o comandante, do comandante da ROTA, fosse tão simpático, atencioso e sorridente. Mas, e este é um “mas” muito sério, o dia que você precisar usar sua arma, não quero estar do lado errado do cano dela.
Sábia decisão! (risadas)

Estrutura do Batalhão de Choque do Estado de São Paulo. Sob o comando do Coronel PM Nivaldo Cesar Restivo, Comandante do Policiamento do Choque do Estado de São Paulo estão cinco batalhões: 1- O primeiro é a ROTA (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), que faz patrulhamento ostensivo motorizado em zonas de alta incidência criminal. 2- O segundo é o batalhão de controle de multidões que atua em eventos esportivos e culturais, e que também inclui a ROCAM (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas) e os batedores que escoltam autoridades em motos maiores. 3- O terceiro batalhão é especializado em controle de tumultos e também é responsável pelo canil. 4- O quarto batalhão é especializado em operações especiais, e inclui o COE (Comandos e Operações Especiais), uma tropa especializada em ações rurais de alto risco e operações de busca e salvamento em florestas, e o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) que atende ocorrências com envolvimento de artefatos explosivos e em situações com reféns localizados.

5- O quinto componente do Choque é o Regimento de Cavalaria, que faz o policiamento montado.

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